sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Total Escuridão - Parte III



''E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará''.

Sara acordou na campina completamente assustada. Sua roupa estava encharcada de suor e o seu coração martelava desvairado contra o peito. Seus braços com ardiam como fogo, as feridas ali abertas, sangravam, o teria acontecido com a jovem Sara? Sentia como se o pesadelo ainda não tivesse acabado... como a criatura produzida pelo meu subconsciente pudesse estar ali, escondida nas sombras da madrugada, só esperando para atacar. Só restava a Sara se entregar ao medo que a consumia por dentro. A dor era tanta que ela apagou.

....

O sol raiava e os pescadores saiam para fazer o trabalho do dia, Sara deitada na areia da praia escutava ao longe as ondas que se chocavam contra os rochedos, seu corpo ali na areia da praia, suas roupas molhadas, levantou-se olhou, olhou o sol que nascia e banhava o mar com seus raios iluminados formando uma imensidão alaranjada a sua frente, onde estaria a campina, seu braço não mais doía, olhou para o mesmo e não viu as marcas dos ataques da estranha criatura. Sara se deu conta que tudo não tinha passado apenas de um sonho, ma tudo parecia ser tão real.

Será que os seus sonhos estavam sendo realmente um sinal?

Ou melhor, será que a criatura aterradora poderia estar naquele exato momento em algum beco escuro, só esperando para atacar? Sem sombra de dúvidas ela não tinha as respostas para essas perguntas.

Após meia hora de pura apatia, tomou coragem suficiente para se levantar. Enquanto caminhava sem pressa em direção ao vilarejo, repassava mentalmente os acontecimentos do último pesadelo. Não sabia como, mas tinha a impressão de que se esquecia de um detalhe, algo além da aparência do antagonista. Era estranho, pois só agora percebia que ela nunca se lembrava do sonho em si, apenas o momento em que a criatura surgia diante de si. 

Chegando ao vilarejo notou algo errado, tudo estava mudado, as casas já não eram as mesmas, as cores, o mercadinho não existia mais e lá estava uma taberna no local que noite passada ela tinha a certeza que era um mercado, estaria ela louca, andou por entre as ruas que não mais reconhecia, a velha igreja era apenas um monte de ruínas, Sara não conhecia rosto algum daquele lugar, todos eram estranhos aos olhos da jovem Sara. Em uma das esquinas Sara parou e ao avistar duas senhoras que caminhavam pela rua perguntou – O que está acontecendo aqui? Onde está o mercadinho, as casas, as pessoas?

A senhora mais velha respondeu. – Minha filha você me parece perdida no tempo, o mercadinho deixou de existir a mais de 80 anos, e suas roupas a tempos não vejo nada igual.

- Mas em que ano nós estamos? – Perguntou uma Sara já em desespero.

- 1832........

Continua....

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Total Escuridão - Parte II



O horror cobria o rosto de Sara e um grito ecoou pela vila Pristama, o sangue que cobria o corpo de Sara de quem seria? Poderia o sonho ser real? Mistério e pânico cercava o casebre localizado no fim da rua Marmotte, a casa de número 666, algo estranho e funesto estava acontecendo com a pobre órfã Sara. A porta da casa foi manchada com o sangue de cabra pois ali estava uma das escolhidas do senhor das trevas, um ritual antigo, manchar as portas das pessoas escolhidas para as trevas com o sangue de uma cabra, todos que por ali passassem saberiam que o mal ali reinava.

Depois daquela noite o estanho não mais veio aos sonhos de Sara, sua vida passou a ser os dois quartos da casa e mais nada, quando tentava sair a rua para ir ao mercadinho era atacada por palavras que a chamavam A Escolhida da Besta. Padres, monges e curandeiros foram chamados para tentar desvendar o que havia ocorrido naquela noite, e nada conseguiam encontrar, um mistério sem resolução, dois anos se passaram e o sangue à porta de Sara já não mais dava para ser observado, a população aos poucos foi se esquecendo dos acontecimentos e Sara voltava a ter uma vida normal, já conseguia sair para colher frutas no pomar do Senhor Kedar e conseguia ir ver o sol se por as tardinhas na beira mar. Mas Sara era solitária, sem amigos, sem família, somente ela e as lembranças do Ser estranho que um dia havia habitado seus sonhos.

Era um domingo de sol, uma tarde linda e saiu para ver o pôr do sol na marina, ficou sentada na areia olhando o horizonte e imaginando como seria a vida além daquelas ondas que se chocavam com os rochedos ao longe. Ficou ali durante muito tempo e perdeu o sentido das horas, já passava das oito da noite, o sol já repousava no crepúsculo e Sara despertava de seu sonho acordada e já estava na hora de retornar, caminhou por entre os casebres, rua após rua, e num dos becos escuros foi arrastada pela a escuridão por mãos geladas, teve sua boca tapada e o cheiro de sangue pairou pelo ar.

Continua....

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Total Escuridão



Já que esta na moda histórias de vampiros vou fazer a minha contribuição aqui.

Romenia 1732.....


Sara caminha pela noite adentro, seus passos ficam marcados na planicie nedava, sua alma sozinha anda pela escuridão fria e enevoada, onde essa pobre alma quer chegar? Perdida em seus sonhos temendo nunca mais retornar. Não ela não sabe o que do futuro esperar, seus sonhos são a única saída dos problemas do mundo real, pobre alma ali perdida nas sombras de um sonho sem fim, realidade sombria que habita sua alma, dor, frio, escuro, sem rumo, sem caminho, sem escolhas. Uma sombra sempre caminha por entre seus sonhos, uma alma fria e sem coração, quem será esse estranho ser que persegue os sonhos da pobre Sara?

Quando o ser enigmático aparece em seus sonhos ela sente a forte tentação e o perigo sempre vem buscá-la – Uma voz forte vem chamá-la. Uma voz triste do fundo dos breus onde a magia se esconde e ela deixa seus sentidos se perderem, a esperança em seus sonhos adormece e ele sempre está ali para lhe proteger. Nesses sonhos Sara se esquece do passado e reinicia uma nova história a cada anoitecer e sem noção do perigo não importando o que possa acontecer... e o estranho mostra sua face a Sara dizendo:

- Vou enfim te libertar veja em mim o seu anseio, seu sonho vou realizar, vem buscar os seu desejo e nas sombras irá mergulhar, no abismo sentir e toda a incerteza para sempre apagar lhe cobrirei com minha sombra e vou lhe levar. Você é um milagre que vai permanecer meu coração gelado dispara ao tocar em você.
Da morte me faz acordar, e junto com você eu quero uma eternidade começar.


Sara responde ao estranho ser sem alma:

- Se meu coração eu decidir libertar hoje estou perdendo a razão, nessa total escuridão é onde eu preciso estar.... Sempre acreditei no triunfo do amor meu mundo agora você transformou, nessa eterna escuridão aonde irei me entregar.... Não tenho mais como desse destino escapar, quero por você ser levada e nas trevas nos misturar, meu sangue pertence a você, não quero ter que o tempo mais contar. A solidão me chama, a prontidão me comanda e contigo irei para qualquer lugar. Esperei toda minha vida só por esse momento, quero ser seu desejo mesmo que eu precise me transformar.

Sara acorda em sua cama coberta de sangue.....

Continua.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O DOM DE ATUAR













Queria agradecer a Deus por ter me dado a vida, agradecer aos meus pais por terem me educado, agradecer ao mundo por ser tão belo e duro ao mesmo tempo, agradecer aos amigos por me aguentarem sempre, agradecer a você que está a ler esse poste, perdendo alguns minutos de seu tempo para ler algo que nem sei se vai lhe interessar ao final, mas preciso dizer que agradeço a EU mesmo, me agradeço por ter escolhido ATUAR, ser ATOR, ser esse ser diferente de muitos, esse ser louco que dentro de seu mundo insano faz valer de seu TALENTO e seu DOM de ATUAR.

Hoje respondendo meu formspring uma garota me perguntou o que sentia quando estava no palco, e minha resposta foi:

- Sinto o maior sentimento de todos, não tem um nome, mas é algo que te leva ao grau máximo de felicidade, me sinto útil ao mundo, pois faço ARTE, faço as pessoas rirem, chorarem, ficaram com amor e ódio, sou um inventor de sentimentos, um ser imperfeito, um criador de vidas, vivo Peter Pan, vivo Camões, Aladim, até mesmo o Rei Henrique V, vivo uma mulher, uma mãe ou uma filha, vivo o ser real ou o ser imaginário como na peça “Sonhos de uma noite de verão”... vivo o irreal mas para você que me assiste faço isso ser mais Real que sua própria vida. 

Esse é o meu DOM, de fazer arte, de ATUAR e de levar às pessoas um pouco de vida, um pouco de fantasia, um pouco de mim....

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Eros e Psique


Hoje não postarei nada de minha autoria, postarei um poema de Fernando Pessoa, Vagando pelo meus textos de teatro ontem a noite me deparei com um dos textos mais belos que já interpretei nos palcos do mundo, o poema Eros e Psique, que conta a história de uma pequena lenda, quando atuei na peça "Fantoches da Meia Noite" ganhei de presente esse lindo poema para interpretá-lo e de forma única consegui por todo meu sentimento em forma de palavras e gestos, a cena era maravilhosa.... para um personagem triste e melancólico caiu como uma luva esse texto.


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa